terça-feira, 30 de agosto de 2011

Como acordamos?


Levei meu filho na escola e vinha escutando o rádio na volta quando a letra de uma música me chamou a atenção,

ou melhor,  me beliscou, pois acho que eu vinha no piloto automático. Um pedacinho dela dizia:  “ me encheu o dia de saudade”...

Acho que acordamos propícios a nos encher o dia com alguma coisa.

Às  vezes nos enchemos de picuinhas tão banais. Queremos que os outros estejam na mesma sintonia que a gente.
 Enjoados com a rotina, com a demora do elevador, em ter acordado por último e  arrumar a cama enquanto o
outro canta no chuveiro.  Com as pessoas que caminham devagar em nossa frente, enquanto nos sentimos rápidos desviando
de tudo e de todos, de seus olhares e de seus sorrisos sem motivos. Eles vão felizes de chinelos enquanto os sapatos nos
machucam os pés.

E também  nos irritam se vierem na direção contrária das nossas emoções. Ora, se estamos bem, que o mundo vibre conosco.
 O dia amanheceu lindo e ninguém se deu conta, ficando de cara amarrada prá “nossa alegria”? Que isso? Estamos daquele
jeito abobado que nos dá o direito de comprar picolé numa tarde fria. Os carros nos ultrapassam buzinando enquanto
curtimos os Beatles a todo volume seguindo sem pressa. Será porque o sinal estava quase fechando e o cara de trás vai
se atrasar um minuto e meio? Que bobagem. Naquele momento o atraso é dos outros. Somos nós os despreocupados.

Mas ai se fosse o contrário...

Que portas se abrem para os nossos pensamentos todas as manhãs? O que carregaremos pelo dia afora? Flores ou rugas?

Não temos o dom de seguir os melecados manuais de auto ajuda que insistem para que o presente seja vivido plenamente.
Com boa vontade, comendo salada, fazendo exercício, tomando muita água, sem esquentar a cabeça por nada.

A vida nos oferece pizza (graças a Deus). Metas, engarrafamento  e juros de cheque especial. Não somos alunos perfeitos
e pegamos recuperação. Mas talvez a gente possa se esforçar um pouco mais prá respeitar o fato de que que cada um está enchendo o seu dia
com algo diferente.

 Quem sabe seja possível  emprestar um pouco da nossa paciência quando eles estão mais longe de alguma
faixa de segurança ao atravessar a nossa felicidade.


 Ou... podemos andar descalços nas manhãs cinzentas e
seguir com mais leveza aqueles que amanheceram melhores que nós. Sem motivos prá chorar, mas com razão...
para sentir saudade!

Barefoot on the Salt Flats


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