terça-feira, 17 de maio de 2011

A vida começa quando?







Lembro claramente...
Distraída entre os meus doze anos e minhas bonecas, sonhava com os quinze.
Quando eles chegaram imaginava a felicidade de ter dezoito, com todas as
portas que viriam de presente.
Mal sabia que junto também chegariam as encruzilhadas.

É,  a gente muda de opinião sobre essa tal idade limite  onde queremos
permanecer ao abrigo do tempo.

Vi os meses sendo atropelados pelos anos com mais pressa do que
eu queria entender. E então tudo começou a girar, a correr,a voar.
Como uma ampulheta que nada respeita e despeja a  areia
sem que se curta sua trajetória.


Queria brincar de estátua  com todas as datas  que teimavam em zombar de mim.

Quando os trinta e cinco resolveram me espiar na esquina,
comecei a ensaiar um atalho.

Que peça o destino me pregava resolvendo ser o grande campeão
da minha própria corrida?
Que direito ele tinha de me roubar tão cedo de mim mesma?

Logo percebi que não podia me esconder ou voltar atrás.
Algum vento soprava sempre vindo de alguma direção desconhecida e
me empurrava aonde quer que eu estivesse. Pra frente...

Mas acho que agora aprendi.
Enfrento as músicas que me trazem de volta, danço as
coreografias passadas, invento outras tantas mil e sigo de
acordo com as brisas  e  as  tempestades que fazem de mim o que sou.

Não quero mais estacionar nos dezoito. Todos os espaços
estão encaixados no seu devido tempo e deixo que
venham os anos, as rugas,os planos, os danos.

É isso. A vida começa quando?
Hoje.
Prá mim, aos quarenta e cinco!

Quebra-Cabeça



Vou fugindo de mansinho,
Passinho por passinho...

Fujo de quem não quero ser
E brinco comigo de me esconder.

Que coisa mais fascinante
Essa arte de itinerante!

Palhaça  do meu próprio palco
Arranco aplausos de mim mesma
E também choro da minha fraqueza.

Às vezes me sinto forte
Outras tantas nem tanto assim
Mas a vida é também feita de sorte
E vou  montando os pedaços de mim.

E vem a vida...


A gente vive de sonhos e de planos...
E a vida nos prega peças e enganos.

A gente quer ficar e poder rir
Mas a vida implica e nos manda seguir

A gente procura os raios de luz nas frestas das janelas
Mas vem a  vida...
Fecha as cortinas e nos tira de perto delas

É tanta pergunta presa
E quem  põe as cartas na mesa?

Nascemos procurando por brilhos
Não nos preparam prá escuridão

Nossas metas são nossos filhos
Eles sim,  continuam...
A nossa canção.