Distraída entre os meus doze anos e minhas bonecas, sonhava com os quinze.
Quando eles chegaram imaginava a felicidade de ter dezoito, com todas as
portas que viriam de presente.
Mal sabia que junto também chegariam as encruzilhadas.
É, a gente muda de opinião sobre essa tal idade limite onde queremos
permanecer ao abrigo do tempo.
Vi os meses sendo atropelados pelos anos com mais pressa do que
eu queria entender. E então tudo começou a girar, a correr,a voar.
Como uma ampulheta que nada respeita e despeja a areia
sem que se curta sua trajetória.
Queria brincar de estátua com todas as datas que teimavam em zombar de mim.
Quando os trinta e cinco resolveram me espiar na esquina,
Queria brincar de estátua com todas as datas que teimavam em zombar de mim.
Quando os trinta e cinco resolveram me espiar na esquina,
comecei a ensaiar um atalho.
Que peça o destino me pregava resolvendo ser o grande campeão
da minha própria corrida?
Que direito ele tinha de me roubar tão cedo de mim mesma?
Logo percebi que não podia me esconder ou voltar atrás.
Algum vento soprava sempre vindo de alguma direção desconhecida e
me empurrava aonde quer que eu estivesse. Pra frente...
Mas acho que agora aprendi.
Enfrento as músicas que me trazem de volta, danço as
coreografias passadas, invento outras tantas mil e sigo de
acordo com as brisas e as tempestades que fazem de mim o que sou.
Não quero mais estacionar nos dezoito. Todos os espaços
estão encaixados no seu devido tempo e deixo que
venham os anos, as rugas,os planos, os danos.
É isso. A vida começa quando?
Hoje.
Prá mim, aos quarenta e cinco!




